Belver

Blog da LIGA DE AMIGOS DE BELVER, freguesia do concelho de Carrazeda de Ansiães, CONSTITUIDA NO DIA ONZE DE MARÇO DE MIL NOVECENTOS E OITENTA E SETE POR ESCRITURA LAVRADA NO CARTÓRIO NOTARIAL DE CARRAZEDA DA ANSIÃES

09 outubro 2024

Um pouco de história da LIGA e relações com outras entidades

 

A Liga dos Amigos de Belver foi gerada no final de um encontro realizado na Saínça, na casa que aí tinha o Fernando Reis, em agosto de 1986, por um grupo de naturais de Belver emigrados em vários países e cidades. Nessa ocasião, depois de assada e comida pelos convivas presentes uma ovelha que o António Castro comprou a um pastor do Vilarinho, foi o Fernando Reis que sugeriu que o grupo criasse uma associação para nos encontrarmos mais frequentemente, o que todos aprovaram, tendo-se imediatamente disposto a contribuir para as formalidades legais da referida Associação.

A escritura de constituição da LIGA viria a ser assinada em Março de 1987 por alguns dos presentes no referido encontro e outros belverenses que foi necessário convidar para o efeito, porque era legalmente necessário reunir dez pessoas.

 

Os Estatutos da Liga contêm disposições muito gerais. O artigo segundo descreve a finalidade da Liga do modo seguinte:

“Artigo segundo:‑ A LIGA tem como fim promover a solidariedade entre os naturais e os residentes na freguesia de Belver e contribuir para o progresso social, cultural e desportivo dos seus membros.”

 

Mais tarde foi aprovado, em Assembleia Geral, um Regulamento Interno que trata do modo de funcionamento dos órgãos da LIGA e dos atos de gestão. No artigo relativo ao património, o n.º 2, dispõe o seguinte:

2.       A Liga deve ter uma estratégia de cooperação com quaisquer outras entidades da freguesia no sentido de se conservar o património construído tradicional.”

 

Estas são algumas das disposições que enquadram a existência da LIGA. Delas se conclui que o objetivo é promover as relações entre os naturais e residentes de Belver e cooperar com outras entidades.

 

Esta cooperação foi sempre mantida com a antiga Junta de freguesia de Belver, com a Comissão Fabriqueira e com a Câmara Municipal, e atualmente com a Junta da União de freguesias de Belver e Mogo de Malta. E bem se compreende que assim seja, pois uma boa parte das iniciativas da LIGA tem sido financiada por subvenções da Câmara Municipal e a União de Freguesias é a autarquia local em que estamos inseridos.

 

É evidente que no relacionamento diário com essas entidades territoriais podem surgir divergências. Por exemplo, tivemos divergências com a antiga Junta de Freguesia no que respeita a obras, que se faziam principalmente no Mogo de Ansiães e a Liga entendia que Belver estava esquecida. Quando um membro da direção da Liga interpelou o Presidente da Junta, este terá justificado a sua preferência pelo Mogo porque os de Belver não tinham votado nele. Esta atitude originou um protesto com muitas assinaturas dirigido à Assembleia Municipal.

 

Noutra ocasião, quando foi encerrada a escola de Belver, a LIGA conseguiu que o edifício lhe fosse cedido para aí instalar a sua sede. A Câmara cedeu o edifício a título provisório, mas quando resolveu ceder as diferentes escolas do concelho a várias entidades, soubemos que a Junta de Freguesia tinha pedido que a de Belver que fosse cedida. A LIGA reagiu imediatamente junto do Presidente da Câmara, invocando a sua precedência e a posse e uso efetivo do edifício. Quando finalmente a Câmara deliberou sobre o assunto, o edifício foi cedido à LIGA através de um contrato de cessão.

 

Antes destes diferendos, também houve divergências com a Comissão Fabriqueira, porque a LIGA pretendia instalar‑se na antiga escola. Quando se pretendeu identificar a situação jurídica do edifício, o então Presidente da LIGA, que também era membro da Comissão Fabriqueira, informou a direção da LIGA de que o edifício estava inscrito na matriz em nome da Comissão Fabriqueira e que era necessário requerer a respetiva cedência ao Bispo diocesano. Este terá concordado com a cedência, com algumas reservas que se consideraram inaceitáveis. Neste caso, ficou sempre mal explicado quem inscreveu o edifício na matriz e o que legitimava a posição da Igreja em relação ao mesmo. (Recorda-se, para a história, que a mãe de água do Vale, a conduta até ao fontenário e os tanques inseridos no edifício da escola, bem como a residência anexa, entretanto vendida e já demolida, destinada ao pároco, foram construídos por iniciativa dos irmãos Correia nos anos 20 do século passado, com fundos que angariaram junto da população de Belver. Para nós era razoavelmente evidente que o objetivo de tais obras era principalmente de natureza cívica, a saber, o abastecimento de água e o ensino, pelo que, após o abandono do local, quem teria legitimidade para o reivindicar em nome do interesse público era a Junta de Freguesia e não a Igreja, que nunca o utilizou, nem sequer como residência paroquial).

 

Mas isto não impediu a colaboração com a Comissão Fabriqueira, que tem tido como membros alguns responsáveis da Liga, por exemplo para coordenar a data do encontro anual com a festa da padroeira promovida pela paróquia.

 

Conclui-se do exposto que a LIGA sempre teve ume relação de cooperação estreita com as entidades institucionais da freguesia e do concelho, afirmando sempre a sua identidade e defendendo os seus interesses legítimos. Penso que a autonomia da LIGA deve ser mantida, sob pena de vir a ser absorvida por outras entidades.

 

Isto não exclui, naturalmente, a cooperação com as entidades já referidas, nem a participação dos membros da LIGA nas iniciativas que elas promovam, como tem vindo a fazer-se em iniciativas como o Cantar dos Reis, os desfiles e cortejos, os passeios pedestres, etc.

 

Em tempos a Direção pretendeu apresentar uma lista à Assembleia Geral para novo mandato, da qual constava um elemento que era membro da Junta de Freguesia, Suscitou-se então a questão de que a inclusão desse elemento poderia levar à confusão entre o exercício do mandato autárquico e as funções de membro da Direção da LIGA. Acabou por ser decidido que esse elemento podia ser nomeado Presidente da Assembleia Geral, que não tem funções executivas. Entretanto a Liga passou por uma fase menos dinâmica durante a epidemia, e não fácil encontrar quem quisesse assumir a Direção. A atua equipa diretiva deitou mãos à obra, tendo revitalizado a LIGA e desenvolvido atividades muito interessantes, pelo que é justo reconhecer-lhe o mérito e dar-lhe os parabéns.

 

A discordância gerada por uma obra da Junta de freguesia no Mogo de Malta e que passou para uma página de rede social não me parece que possa afetar o bom desempenho da LIGA.